Colóquio
16 e 17 de Novembro de 2022
Biblioteca Municipal de Sintra
O Colóquio Camilo Castelo Branco: Estado(s) da Arte teve como objectivo a apresentação de balanços no âmbito dos Estudos Camilianos, tendo em conta as muitas áreas que esses estudos congregam e que os conferencistas podem escolher e combinar. Passados quase 200 anos sobre o nascimento do escritor (1825), o colóquio, destinado, pois, a averiguar o que tem sido feito, antecipa as comemorações do bicentenário tendo no horizonte o ano de 2025.
No final de 1872, há 150 anos, Camilo Castelo Branco tinha redigido, com a sua pena de escritor profissional, 106 peças literárias, segundo o inventário de Alexandre Cabral. Tinha atravessado os exageros sentimentais e conflituais do Ultra-Romantismo – Anátema, Mistérios de Lisboa –, tinha feito experiências de auto-paródia e vanguarda – O que Fazem Mulheres, tão lúdico e irregular como Vida e Opiniões de Tristram Shandy, por Laurence Sterne– tinha escrito o seu romance preferido – O Romance de um Homem Rico – e publicado a obra que lhe daria um lugar perene na memória cultural, Amor de Perdição. Além disso, chegara na década de 60, a mais frutuosa, a uma estabilidade na forma narrativa e na substância, em particular no plano moral. Contudo, já na segunda metade da década, Camilo publica “Vaidades Irritadas e Irritantes”, um texto que inicia um processo transformador a que se vê forçado pela emergência dos escritores realistas e que culmina no díptico Eusébio Macário e A Corja, exemplos fortes da sua vocação de ironista.
Entretanto, a meias com a escrita, a sua vida desenrolava-se como uma espécie de romance, palavra que alguns autores escolheram para o título de biografias que escreveram sobre Camilo, obras repletas de certezas duvidosas e de considerações mais ou menos moralistas sobre o homem que o escritor verdadeiramente foi (alegam). Estes textos, não pela verdade do que dizem, mas pelos exercícios interpretativos que constituem são hoje peças fundamentais da recepção camiliana e no mesmo plano devem ser colocados os muitos trabalhos na área das artes plásticas, da música, da museologia, da arquivística e bibliofilia ou, mais recentemente, da cinematografia, um universo a que se juntam os estudos no âmbito da crítica textual e da crítica literária.
PROGRAMA
Keynote speaker: José Manuel de Oliveira (Centro de Estudos Camilianos)
16 de Novembro (quarta-feira)
09.15h – Abertura do secretariado
09.45h – Sessão de abertura: Ivo Castro (Presidente do Conselho Consultivo da CCCB); Miguel Tamen
(Director da FLUL); Basílio Horta (Presidente da Câmara Municipal de Sintra)
10.00h – Conferência plenária: Derek Flitter (Universidade de Exeter), «Love and Last Things: Eschatological
components in Amor de Perdição»
10.45h – Debate
11.00h – Intervalo
Painel 1
11.10h – Serafina Martins (Universidade de Lisboa), «Regresso à casa assombrada, regresso à biografia»
11.30h – Cristina Sobral (Universidade de Lisboa), «Um estado de realismo na arte d’A caveira da mártir»
11.50h – Abel Barros Baptista (Universidade Nova de Lisboa), «Modernidade, comédia, crítico casado»
12.10h – Debate
12.25h – Ana Pereira (Biblioteca Municipal de Sintra), «A Colecção Camiliana ao vivo»
12.45h – Almoço
Painel 2
14.30h – Carlota Pimenta (Universidade Católica Portuguesa), «A correspondência de Camilo Castelo
Branco da Biblioteca Camiliana de Sintra»
14.50h – Ângela Correia (Universidade de Lisboa), «Camilo e o círculo plural do autor»
15.10h – Margarida Braga Neves (Universidade de Lisboa), «Do contemporâneo em Cenas Contemporâneas
(1855) de Camilo Castelo Branco»
15.30h – Debate
15.45h – Intervalo
16.15h – Conferência plenária: Ivo Castro (Universidade de Lisboa), «Camilo e suas palavras»
17.00h – Debate
17 de Novembro (quinta-feira)
Painel 3
10.00h – Jorge Vicente Valentim (Universidade Federal de São Carlos), «Notas de uma ‘sinfonia
offenbachiana’: breves reflexões em torno de Camilo Castelo Branco e a ópera em Portugal»
10.20h – Sérgio Guimarães Sousa (Universidade do Minho), «Um escritor capaz de tudo»
10.40h – João Paulo Braga (Centro de Estudos Camilianos), «’O folheto ainda ali está na gaveta’: da Infanta
Capelista ao Carrasco de Vítor Hugo José Alves»
11.00h – Debate
11.15 h – Intervalo
Painel 4
11.30h – David Frier (Universidade de Leeds/Clepul), «‘Nem às paredes confesso’: História, memória
e lembranças do passado em Aquela Casa Triste… (1872)».
11.50h – Gilda Santos (Real Gabinete Português do Rio de Janeiro), «Apontamentos sobre a acolhida
de Camilo no Brasil»
12.10h – Debate
12.25h – Almoço
Painel 5
14.00h – Tânia Moreira (Universidade do Porto), «3521: Odisseia Camiliana»
14.20h – José Vieira Leitão (Universidade de Coimbra), «Figas e fumos: topologia de práticas mágicas
na obra camiliana»
14.40h – Vítor Serrão, Lúcia Marinho (Universidade de Lisboa), «O romance de Camilo A Freira que fazia
Chagas e o pintor maneirista Fernão Gomes»
15.00h – Debate
15.15h – Intervalo
15.45h – Conferência plenária: Paulo Motta Oliveira (Universidade de São Paulo), «Faces da escravidão
em romances camilianos: da justiça e da vingança»
16.30h - Encerramento