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O Demónio do Ouro - 1ª parte

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as suas conjecturas, e figurando-se-lhe ja aquelle homem algum ricasso q̃ se compadecera de sua miseria, referida pelo cego. 

– Sou de Rendufinho – <d>/r\espondeu Mel.

– De Rendufinho? Então de q̃ fama é?!

– <Sou filho da Carlota das Corellas, fallecida>  Não tenho familia, snr Padre Bento. Sou filho da [1 de] Carlota das Courellas.

     Pedre Bento fixou-o <com> de tão estupefacta maneira que parecia não o ter ouvido, ou <se estava>  <se quere> estar em duvida da lucidez de sua rasão, poucas horas antes apagada na embriaguez.

Manoel proseguiu:

– Sou aquelle rapazinho que ha treze annos lhe pediu auxilio para ir agenciar sua vida, depois de ter sido habilitado para o trabalho pela caridade de João  Verissimo Vieira.

E, como o padre sobre-estivesse em sua como estupida fixidez, <perguntou> <dis> Manoel <continuou> perguntou:

– <Tem> Tem de mim alguma recordação?

– Sim, senhor – respondeu o padre, abaixando a cabeça, e <descendo> declinando para o pavimento os olhos spasmodicos.

– <Quando eu lhe pedi uma esmola, <não> padre Bento> Poder-me-ha dizer se minha desgraçada mãe mentiu, quando, á hora da morte, declarou que eu era filho do snr padre  Bento Ribro?

O padre levantou as duas mãos [↑descarnadas] ao rosto e murmurou:

– Não mentiu… – E com a voz arrancada de impeto, mas convulsa e não sei que de medônha, continuou: – Se sabe quanto eu tenho sido castigado pe-

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lo ceo e pelo inferno, não venha atormentar-me, senhor! Olhe que eu peço com as mãos postas aos meus inimigos que me matem ou me embriaguem para apagar estas brazas vivas que me queimam! Vendi a ultima cadeira, o ultimo lençol e venderei a ultima camiza para vinho. So posso adormecer, quando venho de rastos para esta enxerga, com o corpo moído das quedas e a cabeça <per>[­atur]dida.  Sou o homem mais perseguido, mais castigado e mais odiado que se creou n’este mundo! Fujo desta caza assim que a mão do deabo me agarra pelos cabellos e me acorda em meio desta mizeria. Fujo da maldição das minhas victimas, mas a toda a parte me segue isso q̃ chamam Deus, esse <flagelo> [↑punhal] que me <*chagou um †> entrou pelo peito dentro ate me arrancar da consciencia lagrimas de sangue. Eu fui malvado como muitos homens q̃ conheço ricos e tranquillos. <Perdi> [↑Deitei á perdição] mulheres, é verdade; mas achei mtas perdidas por uns devassos afortunados que hoje me insultam… O primeiro remorso de ma vida é essa desgraçada em quem o snr me vem aqui fallar… Deus perdôe a  ma mãe que a expulsou d’esta caza, e me forçou com a sua auctoridade a desprezal-a… Mas[1,]  se ella disse que o seu filho era meu filho, <1 e> se o sñr é essa creança que eu desprezei, não diga a ninguem que eu sou seu pai, ja que eu tambem o não disse. Não receie q̃ eu o envergonhe com a minha des-

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honra. Vá tranquilo, e não queira saber em que parentesco está commigo que [↑sou de] todos os meus parentes desprezado como um leproso! 

Tinha<m> rebentado sem paragem a torrente das palavras, acompanhadas de gestos vertiginosos. [Da extrema devastação desta alma,<p> como de um paul fetido, sahiam umas fosforecencias de luz sinistra q̃ revelavam a força inspirativa, o milagre das intranhadas angustias. [1§] Havia o que quer q̃ fosse de estranha lucidez intellectual neste homem, havido por boçal.]40

Manoel Vieira, quando o fôlego da declamação cessou, e o padre, <vencido> [↑esvahido] de forças, se encostou á portada de uma janella com as lagrimas estancadas nas <profundas> [↑escamosas] fendas da herpes, aproximou-se d’elle, tomou-lhe a mão, e disse-lhe:

– Não vim exasperar-lhe as suas dores, que creio serem enormes. Venho pedir-lhe que receba de um filho da Carlota das Courellas <os> soccorros, q̃ não aviltam, e as palavras <como consolação> [↑de alento] mais valiosas  que o pão que sustenta[m] [1 sustenta] <um> [↑o] corpo <como que os lo> <em> como carcere d<e>/a\ <carne> alma atormentada. A sua regeneração, senhor, deve principial-a esta palavra filho. Eu não me envergonho de chamar-lhe pai. Se <eu tiver>  [↑Deus me der] força, virtude e auxilio <divino> [↑do ceo] para poder <resgatal-o> [↑levantal-o] do seu abysmo, heide ter orgulho, e não desdouro, em <chamar-lhe pai> [↑dar-lhe o <nome que>  <titulo> nome <que ↑>  de pai]. Diga-me, senhor, tem tido momentos de se contemplar com horror? tem desejado  que a sorte[↑, o accaso][1,] ou a divina misericordia lhe abrisse uma sahída desta voragem a que o despenharam as <*suas> desordens da sua vida? Quer que eu o salve, meu… pai?

 


40 A adição é feita usando o espaço em branco deixado pelo parágrafo mas iniciando-se na sobrelinha, descendo para a linha e daí para a sublinha. Sendo ainda insuficiente o espaço, foi usado para o texto a seguir ao que viria a ser um parágrafo na 1ª edição, o espaço da margem direita, com a escrita na vertical de baixo para cima, conduzida a sequência por uma linha de ligação. O processo indica que Camilo previu que o excurso sobre o estado mental da personagem não seria curto.

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A vehemencia fervorosa desta supplica<poz> [↑incutiu] 2tamanho 1abalo [1 tamanho abalo] na quebrantada compleição d’aquelle precoce velho, que os joelhos se lhe dobraram, e o tronco abateu, sem que Manoel podesse amparal-o na prostração. <A pe> Ajoelhou o filho á beira d’elle, e viu de perto, assim compadecido quanto aterrado, a deformidade d’aquelle rosto, aonde as proprias lagrimas, tão bellas ate na cara do criminoso, eram, n’aquelle cancerado semblante, <horriveis> esqualidas  [1 eram, esqualidas em semblante assim cancerado].

Neste lanço, Manoel ouviu a voz de Eulalia, conversando no pateo, de modo que podesse ser ouvida. Sahiu ao patamar, disse-lhe breves palavras, <ouvidas> [↑escutadas] pelo filho do Alferes de Cima-de-Villa, o condiscipulo do orfãosinho <q̃ o> [↑por elle] repulsa<ra>/do\ da escola de João Verissimo<,>/.\ <e agora o ia> Ia agora comprimenta<r>/l-o\ [↑em compa de Eulalia,] com os braços abertos e o coração nos labios. <Eulalia> [↑A esposa de Mel ] desandou sem demora, caminho de caza, a cumprir as ordens do <Manoel> marido. O filho <de> Tiburcio desejaria fazer companhia ao seu velho amigo; mas, segundo confessou, seu pai o prohibira de embarrar <pelo infame> [↑com o] padre, que estava excommungado pelo arcebispo de Braga, e de mais a mais <estava> atacado de  lepra.

Manoel aprovou [↑não so] os escrupulos, <e a> [↑mas tambem a] h<i>/y\g<j>/i\ene do filho d<o>/e\ <alferes> [↑Tiburcio], e verteu lagrimas interiores, <sobre a ordem *deste> por q̃ sabia que este filho submisso ás ordens de seu pai não <*con>log[r]ara ordenar-se de <padre p > [↑clerigo] á conta das

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pessimas informaçoens de vita et moribus, dadas por um vigario que, não achando hyperbole sobeja o comparal-o com o padre Bento da Mó, o irmanára com o proprio diabo.

<Duas horas correram> <S> <depa>

Tinham decorrido duas horas, quando um <portador> [↑carrejão], vindo da Povoa de Lanhoso, entregou a Manoel Vieira um fardo, contendo <†. Sah> roupa  <de> de homem. Sahiu <o filho de Carlota> Mel ao patim, em qto o padre Bento <da Mó> [↑Ribro] vestia <a>/o\ melhor fato de seu filho.

Fora do <*muro> [↑quinteiro] da caza estava um grupo de <pessoas> [↑visinhos] attrahidos pela noticia <levada> <divulgada pela> [↑que a] gente de Tiburcio [↑divulgára].

Dissera-se que o filho da Carlota das Courellas, de quem mta gente se lembrava, chegára mto rico la do cabo do mundo, e viera a Rendufinho visitar o pai. Sem embargo da excomunhão prelacial e da <*vinial> [↑pegadiça] lepra, os curiosos agglomeraram-se no terreiro por onde os dois deviam sahir.

     Padre Bento, como la os avistasse, disse ao filho:

– Eu sou um homem desprezado e maldito. Receio que esta gente lhe escarneça a sua caridade. Vá, que eu, á noite, irei procural-o.

– Que tem que me escarneçam? – ob<stou>/jectou\ Manoel Vieira. – Eu passarei humilde por entre elles, como ha vinte <e dous> annos, quando <pe> lhes pedia o pão.

     E, ao sahirem, Manoel, tirando

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 o seu chapeo, <proferiu estas palavras> [↑e]<1,> voltado para o grupo dos mais idosos<.>/,\ [proferiu estas palavras:]

     <– Naturalmente  algumas ou todas as pessoas a qm me dirijám me mataram a fome quando eu> [↓ [1‒] Entre as pessoas a quem fallo devem estar algumas que] me mataram a fome, quando eu lhes <pedia> [↑rogava] o que se pede a Deus: o pão de cada dia. <<†> [­Sou o filho] da Carlota das Courellas>  Hoje procuro ser util ás pessoas que me soccorreram, qto cabe em mas forças. Se alguem, na posição infeliz em que vim encontrar este homem <de quem> [↑de qm] recebi esmolas, precizar de mim, dê-me <o>/a\ <prazer> [↑satisfação] de lhe offerecer o meu auxilio.

     Os circumstantes olharam-se com reciproco espanto e, ate certo ponto, vaidosos da attenção do «brazileiro». E, logo que o[s] <padre e o> dois desappareceram na revolta do caminho, o individuo mais circumspecto do rancho, disse com geral applauso:

– Queira Deus que o excommungado não torne cá!

<–>E o mais gracioso acrescentou:

– Vossês verão que o vinho vai descer a cinco reis o quartilho.

E a [1 uma] <†> mulher mais [↑velha e] bem reputada em 2costumes <sanctos> [↑1bons], ajunctou:

– Se elle tambem levasse ca da aldeia os filhos, essa má raça q̃ por ahi ficou… Má mez pr’a elles<!>/,\ que tem mesmo a cara empeccadada do pai!

– Ó sanctinha! calle-se la q̃ dois são seus netos!... – disse um <miliciano> [↑veterano] de má catadura que, superior ao con-

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tagio dos anathemas e das epidermes escariadas, costumava avinhar-se com padre Bento, e leval-o ás costas a caza, qdo a caridade podia mais q̃ o vinho.

<Eram>

XVII

<–> Era, por tanto, um quase miraculoso amor filial o de <f> Manoel Vieira<,> áquelle ebrio  maltrapido que o havia abandonado á mizeria? Havemos de crer na <prodiosa acção> [↑sancta efficacia] do sangue corrupto do <padre> [↑pai], transfundido nas veias do filho, e logo <†> defecado de peçonha ate <ás †> ao extremad<a>/o\ <vir> ponto da virtude filial?

     Perguntas sensatas a q̃ os novellistas em geral não respondem la das alturas defezas da fantasia; mas ás quaes eu, que nunca me dispendo em chimeras nem <dou cabedal> [↑ <faço> me namoro] de maravilhas <alheias> [↑destoantes] d<a>/o\ natural, responderei, como se me antolha a verdade.

Manoel Vieira, se o homem q̃ lhe apontavam pai, manutivesse os bens e a posição em q̃ o conhecêra, olharia n’elle <*com o> com a indifferença e menos preço que distanceia duas pessoas que nenhum vinculo de parentêsco <entreliga> [↑entrelaça]. Elle mmo ja se havia espantado, quando menino de [↑entre] doze o [1 a] treze annos, da frieza e nenhum  intimo abalo que sentira ao <encont>[↑defront]ar-se com o homem <em> [↑a qm

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<que assentava> [↑<†>/po\deria dar a] sacratissima <palavra> [↑invocação] de pai. A compaixão, que o moveu, [↑explica-se com] dispensados estimulos secretos do sangue, <para> impulsores de mera convenção que nada tem genial em si, e <somte pela> acaso se desenvolvem com o artificio da educação, da dependencia e da reciprocidade dos affagos <entre>. Tristissimamente o conhecem e asseveram os que tem filhos, e <não sabem de> [↑os lavam com suas] amorosas lagrimas. Não ha comparar o que é amar um pai seu filho, com <o> que é a  <obediencia interesseira> <[↑submissão] > [↑docilide ou timida, ou interesseira] do filho ao pai. Aquelle tem de Deus <a>/o\ <missão> <[↑mensagem]> [↑ destino] de levar [↑ por sua mão] a creancinha desde o berço ate <as portas> <caminho> <*ruas> <a porta> ás veredas escabrosas da vida adulta. Chegado ahi, o condusido nem sempre dá o abraço de gratidão no seu guia, nem faz uma pausa, discorrendo com a <necessaria>  saudade pelas solidoens onde deixou um velho <q̃ começa a encanecer <no> por amor d’elle, desde os annos>. Eil-o q̃ fica o <triste> honrado <servo> escravo do dever, o pai, q̃ em ide moça e sedenta de prazeres menos revesados de amarguras q̃ os contentamtos paternaes, começára  sua velhice, devotando-se ao egoismo de  seu filho. Não arguámos, pr isso, a ordem divina destas coisas da terra, aparentemente desconcertadas. A mãe, esta sagrada esmeralda q̃ rutila nas escuridades do mundo, este favo de <doçuras> delicias em que até o <l>/a\gro das lagrimas é doce, a mãe seria como a ave q̃ ensina [↑hoje] os filhos <emplumados> [↑plummejados] a <rasar> esvoaçar[­-se] e ja [1 e que] [­ao] luzir da aurora de ámanhan os não verá, nem, se os vir, os hade conhecer: seria como todas as mães da immensa natureza <reprodutiva> [↑ procreadora], se a <sanctificação religiosa> Providencia lhe não esculpisse na alma o dever de cobrir com seu regaço cada abysmo por onde se haja de deslisar o pé do

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 seu filho tantos annos innocente, tantos annos ignorante, e ao cabo, quando lhe alvorece o espirito, por si mesmo se despenha, <repelindo> [↑desviando de repellão] o estorvo d<a>/o\ braço maternal. Ah! Deus permittiu que a hyena abandonasse os filhos <d>/n\o  berço, por que o viver das feras é por antros e dezertos onde <não> o homem, se passou, passou fugindo, livido de horror, e as aves novas, <se desferem a vo> la se vão desferindo por esse ceo fora, sosinhas, [↑sem mãe, sem conselho,] por q̃ o homem ainda la não pôde ir per<b>/t\urbar[↑-lhes] as [↑suas] serenas regioens <que so a aguia e as aves *feras> <onde paira>.

     <Voltando>[↑Recolhamo]-nos de divagaçoens improprias deste humilde trabalho <que dismerece na proporção do>. <*Somos> O intento a q̃ apontamos o discurso não preciza forragear por searas de moralistas. É uma verdade sem atavios: queremos dizer que Mel  Vieira, recolhendo seu pai, <não viu ali> indo buscal-o ao seu <curr> fôjo de fera d’onde a piede fugia; e, levantando-lhe a excommunhão <com> no acto de offerecer a Deus, como desconto nos crimes do infeliz, a sua devoção de o amparar, praticou uma virtude christan, espontanea e absoluta; porém, se philosophica e philantropicamte lhe dissessem os moralistas que lhe corria <obrigacao> o dever de <amparar> [↑soccorrer] o padre Bento, por q̃ entre este homem e uma [↑certa] mulher se formára  um ser desprezado, q̃ <era>, <por> ao estylo humano, se chamava «filho» e como tal – pois q̃ não era geração espontanea, devia tomar em seus braços a[á] opprobriosa miseria de seu pai – se tal lhe dissessem, Manoel Vieira, sem empedimento [impedimento] d<a>/o\ s<ua>/eu\ bonissimo temperamto e long<a>/o\ tyrocinio de paciencia, mandaria os seus conselheiros ensinar o respeito e gra-

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tidão q̃ [↑tãosomte] devem os filhos aos pais, que os crearam em seus braços, e [↑pr amor d’elles,] ás proprias mães negaram <,por amor d’elles,> <o amor> as caricias e o melhor de seu coração41.

E, como a magnanimidade daquella alma abrangia ainda mais que os recursos da fortuna, Manoel Vieira estipulou mesadas modicas, segundo a condição de suas mães, a seis creanças, q̃ tantas [1 tantos] eram os filhos de padre <Manoel> Bento Ribeiro, posto q̃ seus inimigos o diffamassem de pai de toda a creação de Rendufinho, excep<el>/t\uados os filhos dos diffamadores.

Padre Bento, recolhido a caza de João Verissimo, esteve como atrophiado moral e corporalmte uns dias. Privado do estimulo d<os>/o\ vinho, aquelle corpo intorpecido resentiu-se da falta de vitalidade e da vertigem que faz obedecer o musculo ao cerebro escandecido. Deante do filho parecia véxado e con[s]trangido. Enthusiasmos de pai não os sentia, e os da gratidão parece que a vergonha remordente lh’os entibiava em vez de lh’os afervorar na proporção do seu <r>/d\escaroado proceder com Carlota e com seu filho. A convivencia de João era-lhe mais aprasivel e facil q̃ a de Manoel. Áquelle confessava-se chorando suas <infamias> [↑vilezas]; ao filho, não <se lhe facilitava a opportunidade de>. Manoel esquivava-se a praticas por onde as recordaçoens viessem, e tudo qto d<e>/i\zia a seu pai era cautelosamte desligado de ideas retrospectivas.

No termo de um mez, a regeneração

 


41 coraçãoação bor. mas não parece ter havido emenda.

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moral de Bento Ribeiro manifestou-se completa e de mais a mais seguida de sensivel restauração da saude. Quando este homem sentiu a felicidade, sem o vicio, e o despertar sem uma visão perversora q̃ o indultasse d<os>/a\s torpezas da vespera, tambem sentiu os primeiros alvores da religião, e o compungimento d<o>/a\ <pecado> culpa, sem o qual não ha baze solida  em alma que se refaz das ruinas de outra.

Por ventura d’elle [e de Mel]<1,> as primeiras lagrimas purificantes q̃ verteu foi aos pés de um monge do mosteiro de <Fonte Arcada>  Bouro, onde <viveu> passou trez <mezes de vida claustral>  semanas[1,] confessando todos os peccados de sua vida.

Neste em meio, Manoel Vieira recebeu como esposa a filha de João Verissimo, e deu-se pressa em transferir-se com sua fama para Londres, onde o chamava[m] com instancia <Anna B> <duas> cartas successivas de <Philippe <Bearsl> Chesterfield> Anna Bearsley, rogando-lhe que se não demorasse<, pois que estava>[1.] <Avisou> [↑Preveniu] Manoel seu pai do dia da sahida, esperando q̃ elle <sahisse do> [↑deixasse o] mosteiro de <Fonte Arcada> [↑Bouro]. O padre sahiu com effeito; mas, colhendo nos braços extremosamte o filho, pela primeira vez, lhe deu aquelle nome, dizendo com entrecortadas vozes:

– Dou-te  hoje o nome que não ousára dar-te a minha <conspurca> alma cheia de fel e podridão. Avisinhei-me de Deus pelo remorso de meus enormes <pecados> [↑crimes], e so então pude comprehender-te, filho do meu coração, anjo bemdito q̃ me Deus enviou para me redemir de dois infer-

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nos. Resgatado por ti, não tenho que esperar mais nada da tua missão, a não ser  uma [1a] esmola com q̃ eu possa comprar o direito a uma sepultura na claustra do mosteiro de Bouro, entre aquelles [1 estes] frades q̃ me acolhem e amam pelo divino amor de Deus. Vai tu com a nossa <f> virtuosa fama para Londres, que eu ficarei pedindo a Jesus Christo Senhor nosso q̃ vos encha d<e>/a\ virtude q̃ abre os thesouros da riqueza eterna. Com lagrimas te rogo q̃ ampares todos os desgraçados, e, entre esses, teus irmãos[1,] para que elles me não accusem perante Deus nos clamores da sua <miser>indigen<cia>/te\ orfandade. Tenho quarenta e sete annos, meu filho. Despeço-me de ti com o presentimto de q̃ ainda te heide ver antes do meu fim. Sinto-me a recuperar as forças, e a mocidade do espirito <remo> renascido. Viverei para rehaver na penitencia a dignidade da alma que a misericordia divina poz em tuas mãos <*como um velho>. Quando voltares com teus filhos, os meus braços podel-os-hão abraçar sem <q> aviltamto seu [1 d’elles]; e, se ao tempo da tua volta, eu estiver no tribunal divino, pede a teus filhos que roguem ao Senhor por mim.

Manoel não contrariou a deliberação ascetica de seu pai. Liberalisou-lhe meios pa se dotar no mosteiro benedictino<.>/,\ <*Assi>  e deu-lhe o ultimo abraço na portaria do convento, confundindo as suas lagrimas com [com as] do noviço a quem [­a] communidade <abra> venerava como grande victoria da religião so-

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bre Satanaz. [1§] A virtude de Mel não era citada <nesta>  [↑como subsidio na] regeneração do padre Bento da Mó. Longos annos a conversão de fr Bento das Dores da Virgem foi <considerada> attribuida a um painel das almas que a mãe do precíto rehabilitado mandára pôr á entrada de Rendufinho. A virtude natural e homana é sacrificada sempre ao maravilhoso: prova da nenhuma confiança q̃ o homem concede á sua especie. <C>/R\econhecemos o poderio do ouro: <leva>[↑exalta]mol-o até <as> <obreiro> [↑operador] de milagres; mas d<a>/o\ <potencia> [↑valor] d<a></o\>/a\ <alma> <[↑espirit]> [↑alma], em actos <q> onde revê influxo do ceo, não fiamos nada. <Por isso os paineis das almas, <q̃ penam> [↑compungitas], valem mais prodigios que um>

XXVIII

<Apenas Manoel Vieira se restabeleceu no seu emprêgo de guarda-livros  em Londres, Philippe Chesterfield procurou-o para dar-lhe noticias dos sucessos estranhamente occoridos na provincia do Grão-Para. Em  resultado  da conferencia que tiveram, Manoel Vieira, possuidor do capital e valores encontrados no espolio de Johnson Fowler, foi  á quinta onde  Roberto e a sobrinha viviam, requerido da riqueza perdida e apresentou-lhes o deposito> Logo q̃ chegou a Londres, e aposentou sua familia no palacête desoccupado na  rua Thames Street, Manoel Vieira foi a<o> <*arralde> <a W> <1 a> Westminster comprimentar seu patrão, e saber o motivo da chamada de miss Anna Bearsley.

Apenas entrado ao aposento de Roberto, exclamou o velho:

– Que me diz vmce á morte de Jonhston [Jonhson] Fowler?

– Pois Jonhston [Johnson] morreu?! – exclamou Vieira –

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Ha duas horas q̃ cheguei a Londres e nada sei, por que em rasão de ser dia sanctificado, não <vi ninguem>  [↑achei algm] q̃ me informasse.

– <Pois> <a>/A\hi tem o Morning Chronicle: veja a historia desse ladrão punido, e saiba que Philippe <de> Chesterfield <me fez> [↑mandou<-me>] entregar[↑-me] <de>  dinheiro e valores excedentes a 50:000 libras[1.]

     Leu Manoel com offegante interesse [1 interessse] a historia que ficou referida, desde a chegada do filho de lord Chesterfield ao Gran-Pará até á sua volta pa Inglaterra com [↑a maior] parte dos [↑restaurados] haveres dos Bearsley <restaurados>, não se omittindo, para escarmento de francezas dissolutas, a figura que Bertha, condessa de Beaulieu, tivera naquelle funesto romance.

– Muito folgo – disse Vieira – que voltasse a esta casa, com tão nobre missão, o snr Philippe Chesterfield, e que o snr Bearsley se haja esquecido das phrazes [↑com] que mutuamte se magoaram.

– Esse fidalgo – volveu Roberto, <soffrendo a ironia que>  ainda beliscado no seu orgulho de commerciante honrado – <ainda> não <me perdoou> [↑se dignou perdoar-me até agora]. Continúo a ser para elle o plebeu que o offendeu na sua inteireza; <*e eu o não posso> e elle orgulha-se de ser para mim o heroico, posto q̃ eventual, re<me>/cu\perador das minhas 50:000 libras. Os fidalgos, até castigando, são fidalgos. Ó orgulho homano! ó <vermes> [↑insectos] que <andais> [↑rojais] á volta <de uma> [↑do chão lamacento d<o>/a\ campa a <sujar> <macular> [↑enodoar] os arminhos que <antes e depois> <ves> vestis como titulos de <eterna>  immortalidade [1 immoralidade]… ó soberbos!...

– Seja tão justo <e>/n\as palavras como é na consciencia, snr Roberto – <objec>con-

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traveio o guarda-livros[1.] – O snr Chesterfield tem a soberba que até n’um plebeu seria bem cabida.

– Como assim! Vmce, se eu me houvesse enganado com o seu excellente caracter, repulsaria a satisfação q̃ eu lhe offerecesse?

– Aceitaria a satisfação; mas o <logar> officio que occupo <depôl-o-hia> [resignal-o-hia] sem mancha aos pes do snr Bearsley. O homem, q̃ inspirou suspeita desairosa, <embora remediada por> <*foi visto> embora lhe reparem o credito com a renovada opinião, cahiu uma vez aos olhos do seu injusto juiz<,>/.\<e para assim> <diz *duas> <A> A honra violada é honra ferida. Eu por mim, snr Roberto<,> Bearsley, alcunhado de infiel em um chelim por meu patrão, não aceitaria a reparação do credito, com um milhão de libras por indemnisação, sob partido de ficar no serviço de sua caza.

– Oh! – regougou o velho, com intima satisfação do alto ponto de probidade do seu caixeiro.

– Mas não ha analogia alguma <entre> <1 as>  <minh> da ma hypothese com as desintilligencias [1 desavenças] passadas entre o snr Bearsley e o snr Chesterfield. O fidalgo foi <ma> ferido na sua <soberba> 2vaidade 1licita por q̃ o snr Roberto o <arguiu> [↑arguiu] de mentir<oso>/a\ [1 mentiroso]. Parentes e amigos instigaram-no  a <↑> suffocar o coração nas prezas do orgulho. [­Assim o fez.] Adorando miss Anna Bearsley, mostrou-se mais digno d’ella <immolando> qdo immolou a felicide de ambos ao primor de sua dignidade; porém, como o seu amor era menos convencional que a dignide das raças, aconteceu que, volvidos mezes, Philippe, ja quando miss Anna Bearsley era pobre, me encarregou a mim de pôr aos pes de sua sobrinha o coração e o orgulho, <1—> um por q̃ amava deveras, o outro por q̃ não podia ser <manchad> calumniado de quebra, logo q̃ a <↑  não podia ser explicada pelos> [↑submissão tivesse mais nobre escusa q̃ os milhoens d<a>/e\

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sua esposa.

– Eu não soube isso!. – atalhou o inglez maravilhado.

– Se o não soube, mais nos cumpre exalçar a virtude de miss Bearsley. Eu advoguei perante sua sobrinha <a>/o\ cavalheirismo do snr Chesterfield; mas esta nobre senhora redarguiu que <lhe aceitaria a honra> [↑seria sua mulher], quando elle se lhe egualasse na <mesquinhez> [↑insignificancia] dos haveres.

– Ignoro tudo! – volveu Roberto, erguendo-se agitado, e ao mmo tempo jubiloso do decoro de Philippe e da heroica <altivez> hombridade da sobrinha. [§] Volvidos instantes, parou, fitou com alegre aspeito o guarda-livros, e disse:

– Parece-lhe, snr Manoel Vieira, que Chesterfield sustentará ainda a resolução de esposar ma sobrinha?

– Elle foi viajar pa esquecêl-a; e, se voltou…

– Esqueceu-a… – atalhou Roberto.

– Não, sñr: <voltou a outorgar o espolio> a mim figura-se-me que no animo d’este sñr entrou a esperança de <*abracar> ser esposo de <miss Anna> sua sobra quando a fortuna a nivellasse [1 livellasse] á altura d’elle, ja que não seria natural que elle se impobrecesse até se nivellar com miss Anna Bearsley. Voltou cedo de ms para a ter esquecido; voltou por q̃ lhe competia ser o <reabilita>[↑port]dor do <espolio>[↑roubo], tanto mais que as desventuras desta caza prendem com a proposta de casamto feita por William Dodd, <com a *feia emulação> d’onde procedeu o ciúme de Johnson, a perdição do preceptor de Philippe, <os *advers> a falsificação das lettras, etc. Estou q̃ <Phili> o snr Chesterfiled, entrando nos cofres do snr Bearsley, com 50:000 libras, tirou de sobre a alma um equivalente peso de amargura. <Bas> Bastantemente sabia elle que os infortunios desta caza começaram n<os>/a\ <ciumes> [↑torpe emulação] de Johnson…

     <– D’esses vicios  risque para sempre essa palavra ciumes por ↑> – E, talvez, a compaixão o movesse a esposar 

[15<6>/7\]

ma sobrinha… – ajunctou o velho, ressabiado ainda da philaucia plebea,  a mais <melindr> superciliosa e sensitiva de todas as vaidades.

– A compaixão [↑– redarguiu <Mel – >  o guarda-livros –] inspira-se das desgraças, manifesta-se na caridade, e não anda a requerer às senhoras na posição de miss Anna Bearsley que se dignem aceitar a esmola de um marido q̃ tem um dos primeiros nomes de Inglaterra.[1§] <1‒> Fez Mel Vieira <1 uma> longa pausa, e proseguiu [­sorrindo]:

– Não diz bem com a minha humilde posição esta mensagem de cazamenteiro. A parte  q̃ tive n<o>/a\ <segredo> tentativa do snr Chesterfield aceitei-a por q̃ era nobilissima; e, <nobilissima> [↑se a resposta] me pareceu <tambem a resposta> por demasia especiosa, hoje vou intendendo que o pundonor em Londres não faz sempre grando [grande] caso das regras da equidade, e mtas vezes transcende as fronteiras do capricho. Não posso[1,] pois, tornando á pergunta do snr Bearsley, asseverar que o snr Chesterfield <per> sobreesteja na deliberação de cazar com miss Anna <Bearsley>. Todavia... <†>

Neste momento entrou miss Anna; Vieira, como se a não visse, proseguiu:

– Todavia, se me auctorisam a consultar o snr Philippe Chesterfield…

– Está tão entretido – interrompeu a ridente menina – que nem me dá os bons dias depois de trez mezes de auzencia, snr Vieira!... <Já> A’manhan vou ver sua senhora, sua sogra, e o céguinho q̃ tantas vezes tem povoado as novellas da ma fantasia. Sabe que o primeiro especialista de [1 das] infermidades dos [1 de] olhos é o doutor Fletcher North? Ha dias o convidei a examinar o seu ceguinho…

[158]

– Beijo-lhe as mãos, miss Anna Bearsley.

<– Miss Anna Chesterfield, d’aqui>  – Quizera que tivesses ouvido, menina, o dialogo que vieste interromper – disse [1 entreveio] o tio.

– Ouvi as ultimas palavras. O snr Vieira pedia auctorisação para consultar Philippe. Eu, por ma parte, daria da melhor vontade auctorisação ao snr  Vieira para dirigir até [Vieira, até para dirigir] o meu destino, sem receio de me desencaminhar do trilho do dever; qto ao da felicidade esse sabe Deus quando a <honr> virtude la encaminha os que o seguem. Não precisa, porém, o snr Vieira consultar Philippe. <Das suas br> Eu é que [1 Eu sou quem] venho consultar a vontade de meu tio, apresentando-lhe esta carta <hoje> agora mmo recebida.

Revia o contentamento no rosto do velho. A carta era ingleza de lei. Nada de paixoens indomitas, nada de phrazes de insano delirio. Sentimentos moderados, e palavras austeras. Uma carta de amores pudentissimos para uso de meninas de coro e galans que submettem a correcção grammatical aos seus capellaens. Mas tudo aquillo a vaporar ja de antemão o perfume da domesticidade ingleza, as prelibaçoens do chá-preto,  a meza acharoada de Hong-Kong á beira do fogão, os silencios embevecidos em suave meditar, a dulcissima transfusão de duas almas em uma [1 uma só] [↑radiada pr dois corpos] que se desentranham em rancho de creanças loiras, lindas, de neve e purpura, de olhares que resplendem o azul do ceo, e se intendem com os anjos no segredo da suprema alegria [↑da <caza> familia] ingleza<, qu<e>ando os risos>.

[159]

     Ah! ess<e>/a\ <sonho> [↑doce arte de bem-viver] tão vulgarmte realisada em Inglaterra[1,] não era mais que sonho [↑febril] n’aquelle preclaro espirito de Chesterfield.[1!...]

     O cazamento foi-lhe um <portico> [↑vestibulo] florido, uma avenida<d> <bre> de delicias para as regioens mysteriosas de alem-mundo.

     A fragil compleição de Philippe deteriorou-se na viagem ao Amazonas. Invelhece rapidamente o corpo [↑fraco] onde se debate uma alma poderosa. A vida é o equilibrio de  d<uas>/ous\ [1 dois] actores que não vivem á custa um do outro. Lá, n’esse42 [1 nesses] <paiz> <[­regioens]> <[­climas]> [­paizes <frios> <1do norte>]  onde refinam as idealidades, constrangidas por severa pauta [1 pausa], não ha o desafôgo da paixão <deixada alar-se> [↑que se desata e ala [1 e ata]] com larga trela de desvarios. Um amor profundo e desditoso é uma braza intima, que lavra e abraza, por que o inglez não chora. O instincto ensina la o suicidio quando um dissabor mediano enlucta a vida: é por q̃ a previsão da agonia lenta se antolha [1 antolha-se] áquelles q̃ se lhe furtam[1,] em qto a coragem de se <lh> matarem lhes não falece.

     Quando <Philippe>  [↑elle] e miss Anna se <reviram> [↑entreviram na vespera do cazamento],  <An> a <esposa> [↓noiva] sentiu trespassar-[↑se-]lhe a alma <com frio mortal que> de um frio de morte que <emaciava> [↑empallidecia] as faces do seu tão querido <e  unico amor> Philippe; mas o noivo não se queixava, os seus olhos <resplandeciam> [↑scintillavam], o sorriso era sereno e bello como o do justo adormecido.

     Depois de cazados, mudaram residencia temporaria para Chesterfield; <mas> [↑e ahi,] ao fim de cinco mezes, aquella desditosa senhora, q̃ ate á ultima hora confiára em Deus e n<a>/o\ <contr>  simulado alento <do seu> [↑do] marido que a si mmo se enganava, viu-o expirar na

 


42 n'esse: a última vogal da palavra desaparece num borrão sob o qual se pode apenas adivinhar as sucessivas emendas sobrepostas destinadas a refazer a concordância em género e número à medida que o substantivo seguinte ia sendo substituido.

[1<51>/60\]

mesma hora em que projectavam transferir-se a <Ital> Florença.

XXIX

Ha coraçoens com <gr> <com> descompassado fôlego de caridade. D<es>/os\ d’esta <temper> fibra, creio q̃ dois, ou talvez mais, em sensiveis peitos <entre> das pessoas q̃ vão lendo isto, se tem lembrado da sorte d’aquella Laurentina que viu cahir o amante ensanguentado. Perguntam se a misera, arrastada a caza da familia, foi flagellada na alma, na carne e nos ossos.

Gostariam esses benevolos coraçoens saber q̃ ella fez penitencia, ciliciou os rins, adelgaçou o musculo tentador com asperrimos jejuns,[1;] <se> [↑e q̃] [1e se], <a final> [↑alfim],   morreu    em bom cheiro, e tambem tem, como Bertha de Nieuport, uma lenda de jacarés.

Não, consternados peitos, não!

Naquella arvore de geração dos Catanias, ramo que seccasse de podre, não se esgalhava nem <foiçava> [↑podava]. Os costumes d’aquella familia, bem deprehendidos das revelaçoens do

 
 
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